Túnel do Tempo

terça-feira, 15 de novembro de 2011

- ARTIGO -

LAMPIÃO
 

Já se vai um tempo muito distante em que Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o Rei do Cangaço, era o terror do sertão, respeitado por seus homens, pelos coiteiros, pelos fazendeiros, bandos adversários e até pela polícia.
É lógico que eram outros tempos, as dificuldades eram enormes, uma vez que Lampião se infiltrava nas matas e caatingas, conhecedor que era dos cafundós, grotões e sovacos de serra, principalmente no nordeste brasileiro.
Que saudade de nossa polícia de antigamente!
Havia uma maneira certa de agir contra celerados e desordeiros, onde a captura de homens extremamente nocivos e perigosos, tinha o destino certo, a sepultura.
Ninguém era doido em pensar de pegar Lampião vivo, pois todo mundo sabia que ele só se entregaria realmente quando estivesse morto.
Como disse Antonio Silvino, antecessor de Lampião a respeito da captura do Rei do Cangaço: - “ não nasceu home  pra prender Lampião, pode ter nascido pra juntar os pedaços dele porque ele se esbagaça, mas não vai preso e não briga à toa pra esperdiçar munição”.
Lampião era revoltado e o acompanhava um bando de revoltosos, homens frios e cruéis, procurados pela polícia de vários estados, por crimes hediondos, homicidas inescrupulosos.
Usavam tática de guerrilha avançada para seu tempo, manobras inesperadas e emboscadas minuciosamente estudadas para obter sucesso sempre.
Como falavam abertamente: não podiam perder o bote. Iam na certeza, de todos os lados, cercando, estrangulando, fechando o cerco, com todas as probabilidades a favor.
E realmente, não o pegaram vivo.
Pegaram-no quase dormindo, num tiroteio inesperado e sem chance de defesa.
Degolaram-no!
O Lampião se apagou, mas o vento levou a chama e a labareda voltou muito mais forte, disseminando tudo que vê pela frente nos dias atuais, onde em comparação lógica, os cangaceiros de antes, eram anjinhos ante os cangaceiros modernos.
O Fernandinho Beira-mar, o Marcola, o Juiz Lalau, o Delúbio Soares, a Jorgina, o Genuíno, o José Dirceu, o Severino, os grileiros da Amazônia, os fazendeiros que ainda escravizam, outra infinidade de políticos brasileiros com seus conchavos, sua pizzas e corrupções, os Marcos Valérios da vida, os seqüestradores, os matricidas, os parricidas, os Nardones e outros tantos mil que infestam nosso País, não podem ser considerados os Lampiões modernos?
Muito mais sedentos por sangue e dinheiro, não medem esforços dos mais trágicos e tétricos, profissionais carnificidas que fazem do crime uma verdadeira esbórnia ante uma população violentada em seu mínimo direito que é ter paz e tranqüilidade.
Os Lampiões de hoje, dado o uso de artimanha, tecnologia e má índole que trazem do berço, vitimam uma população desguarnecida de segurança e fragilidade pelo cabresto usual de promessas vãs desde os tempos de nosso descobrimento.
Estes famigerados Lampiões que se encontram presos, chefes de hordas de malfeitores, desdenham da polícia e da Lei e de dentro dos próprios presídios determinam a vida e a morte de cidadãos, mesmo os mais inofensivos, enlutando incessantemente as famílias em nosso país.
Por que a justiça e a Lei tiraram a autoridade policial? Pra quê?
Por que estes Lampiões da modernidade não podem pagar com a própria vida por seus descalabros afastando assim de uma vez por todas suas presenças nefastas?
Por que gastar dinheiro com transporte, alimentação e acomodação com crápulas que emanam ordens até para espostejar cidadãos de bem, como foi o caso de um repórter de uma emissora?
Por que eles podem determinar a vida e a morte e a Lei os guarda nas regalias dos presídios?
Pobre do Virgulino foi morto pelas costas e teve a cabeça cortada. Nasceu na época errada, quando havia perseguição e procurava-se vivo para que fosse morto.
Melhor seria ter nascido do meio do século passado pra cá, seria até idolatrado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário