Túnel do Tempo

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

POESIA

NORDESTÊS
Copo pequeno é caneco
Porco novo é bacuri
Namoro agora é xaveco
Diarreia é xiriri
Briga pequena é arenga
Mulher sem futuro é quenga
Bunda também é baiti

Tirar onda é caningar
Vitamina é fortidão
Fazer pouco é caçoar
Frexar é aporrinhação
Carro velho é cafuringa
Tudo que fede é catinga
Fazer bico é viração

Cabra pequeno é baé
Colisão é barroada
Quem salta dá cangapé
Mulher grávida é amojada
Bebo liso é pirangueiro
Briguento é imbuanceiro
Cuspe no chão é goipada

Frouxo se diz que é folote
Gado novo é um capão
Toutiço aqui é cangote
Munganga é malcriação
Rede pequena é tipóia
Enrrolagem é tramoia
Furdunço é confusão

Vento frio é cruviana
Xique-xique é marrabu
Bala e bombom é bagana
Comida ruim é angu
Tibungar é dar mergulho
Pedante quem tem orgulho
Ficar triste é jururu

Já cansei de miunçar
Chega de cavilação
Que esse nosso linguajar
E essa nossa falação
É o retrato da cultura
Mostrando literatura
Das coisas do meu sertão.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

GUARÁ - DF

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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

AINDA SOBRE OS ANOS 60 - QUEM SE LEMBRA?

" SAUDADE NÃO TEM IDADE"








































POESIA DE ALKASAR

Bodega do Interior


Seu doutor, lá em Paus Branco,
recanto do interior,
lugar que Deus esqueceu
e que alguém encontrou,
existe uma bodega,
dum cabra fí duma égua
que com isto, prosperou.

O comércio é emendado
com a casa de moradia,
o homem é muito zeloso,
com a bodega e a família,
cheguei lá de manhãzinha,
resolvi tomar uma caninha,
já perto do meio dia.

Na entrada tem uma coberta,
com uns bancos de cimento,
que estão sempre ocupados
com gente a todo momento.
Muita coisa pendurada,
no alpendre, na entrada
e principalmente, dentro.

O balcão é de madeira,
com uma portinha lateral,
a balança com dois pratos,
pesos de ferro em geral,
papel marrom para embrulho,
caixas que fazem entulho,
num empilhamento normal.

Perto do balcão, uns caixões,
com arroz, açúcar, farinha,
também café em caroço,
rapadura preta e branquinha,
fumo de rolo no chão,
papelim, fósforo, loção
e pra peixeira, tem bainha.

Tem também pasta kolynos,
tem sabonete gessy,
tem rouge, tem brilhantina,
descascador de pequi,
tem prego, taxa, martelo,
cabresto para chinelo,
óleo doce pra guri.

Papeiro, prato de louça,
saco de estopa, funil,
pomada, esparadrapo,
sabão em barra, bombril,
tem tinta para parede,
cordão pra punho de rede,
pedra de amolar, esmeril.

Rolo de arame farpado,
grampo pra cerca e cabelo,
pavio pra lamparina,
chocalho, cabresto, arrelho,
tem bridão, sela e cangalha,
tem gillette, tem navalha,
peia de sola e de relho.

Tem espingarda de cartucho,
pólvora, chumbo e espoleta,
chapéu de couro e de palha,
lápis, borracha, caneta,
arrozina, goma e maisena,
tecido medido em trena,
realejo, gaita e corneta.

Tem martini, tem cinzano,
caneco de alumínio,
pente e espelho redondo,
fazenda de mescla e brim,
alka-seltzer e melhoral,
pra bêbado, tem sonrisal,
chupeta pra nenenzinho.

Tem álcool, tem algodão,
galão para gasolina,
tem o óleo palmolive
pra o cabelo das menina,
tem ferrolho e dobradiça,
fechadura corrediça
e tem argola pra tina.

Bolacha, massa de trigo,
mamadeira, macarrão,
refresco, agulha, elástico,
tem linha zíper, botão,
tem foice e tem enxada,
tem alavanca, e machado,
chave de fenda e formão.

Tinta a óleo prateada,
remédio contra bicheira,
foquite para lanterna,
caçarola, escorredeira,
cachaça e carne do sul,
massa pra fazer angu,
faca de pão serradeira.

Corda, sal, xícara, serrote,
farol, pincel de tucum,
tem chinela japonesa,
tem tesoura e tem batom,
tem óleo para cozinha,
tem pote, pilha, sombrinha,
chiclete, prego e bombom.

Tem coador de café,
neocid, gesarol,
tem iodo, creolina,
saco pra fazer lençol, 
água com gás para a sede,
quadro pra botar em parede
e manga para farol.

Guarda-chuva e fogareiro,
tem melhoral infantil,
lanterna, chita, colher,
café, xarope bromil,
tem bota de sete légua,
esquadro, compasso e régua
pra desenhar o Brasil.

Tem chiclete ping-pong,
radiadora, radiola,
rádio canário abc,
corpete, colchão de mola,
tem kichute, meracilina,
conga, carretel de linha,
tem pito para encher bola.

Tem cocada, tem caderno,
tem querosene e quartinha,
marra pra botar em chocalho,
tem álbum de figurinha,
tem fazenda volta ao mundo,
tem lenço, espelho redondo,
xerém pra pinto e galinha.

Tem aro de bicicleta,
tem pneu e tem pedal,
caco pra torrar café,
panela de barro, sal,
parafuso e garfo pra mesa,
carro e boneca beleza,
pra meninada em geral.

Queijo de manteiga e coalho,
também tira de pneu,
papel pautado pra escola,
chumbo vendido a granel,
palito e raspa coco,
manopla para dar soco,
tira-gosto de sarapatel.

Tem bala, bacia, cola,
tem bule, lixa, leiteira,
escova, papel higiênico,
porta copo de madeira,
toalha de banho e mesa,
vinho para sobremesa,
soutien, calcinha, umbigueira.

Calça ustop, crush, grapette,
pipper, cigarro BB,
tem lenço para o cabelo,
óleo de coco, laquê,
fivela pra cinturão,
garruncha, sabão pavão,
baralho pra se entreter.
  
Tem estribo, tem espora
e tem manteiga da terra,
tem muito anel de miçanga,
naftalina, fivela,
gigolé e anasseptil,
leite de magnésia, anil,
pedra de bingo e cartela.

Ilhoses, prego ripal,
tesoura para barbeiro,
tem também pente flamengo,
tem broche, água de cheiro,
tem nata para o feijão,
tem massa de fazer pão,
doce em lata e brigadeiro.

Camisa pra petromax,
forro de sela, ancoreta,
mochila para animal,
carrego para caneta,
tem bóia para galão,
bola de gude, pião,
máscara de riso e careta.

Saco de estopa bem ralo
para ensacar algodão,
piteira para cigarro,
tem terço para oração,
retrato de santo e reza,
muitas imagens na mesa,
pra tudo que é devoção.

Aguardente madeira de lei,
revista zorro e rex,
violeta genciana,
também shampoo denorex,
colcha de chenille, guaru,
ioiô, óleo pajeú,
compacto, LP e durex.

Tem atajé, espartilho,
tem sapato fanabor,
concha pra tirar comida,
Cachaça alemã contra dor,
campainha de bicicleta,
tem bob, tem caderneta,
tem giz e apagador.
  
Tem pulseira pra relógio,
goma arábica e isopor,
tem o óculos rayban,
preferência do doutor,
tem bolo Luiz Felipe,
capa pra assento de jippe,  
e tem escova condor.

Tem envelope pra carta,
tem também pílula do mato,
tem remédio para gôgo,
ratoeira para rato
e para o doente crônico,
tem o velho biotônico
que sempre curou de fato.

Tem o guaraná cacique,
tem cuia, tem fogareiro,
chapa pra fogão à lenha,
tem pedra para isqueiro,
cigarro cônsul, ematoque,
cerveja astra, bodoque,
tem colher para pedreiro.

Tem o cigarro eldorado,
tem cera e mel de abelha,
tem dama, tem dominó
e tem o jogo da velha,
tem linho, tem casimira,
berimbau de macambira,
para leite, tem botelha.

Prato de louça e de ágata,
remédio contra chulé,
tem canivete, punhal,
tem arma de fogo até,
cueca samba-canção,
tem anágua e tem calção
e tem remédio pra mulher.