Túnel do Tempo

sexta-feira, 25 de maio de 2012



SUPERSTIÇÃO
( Al Kasar)

Todo mundo tem manias,
cá comigo eu tenho as minhas.
Isto é hereditário,
manipulação mesquinha,
vezes por intuição,
mas tudo é superstição
que segue na mesma linha.

Descrente ou acreditando,
religioso ou ateu,
sendo homem ou mulher,
muito alto ou pigmeu
e em qualquer região
só muda a superstição
da maneira que aprendeu.

De manhã ao acordar,
não gosto de pegar vento,
eu faço o sinal da cruz
em gestos ainda lentos.
Pode até ser um defeito,
levanto com o pé direito,
toda vida estou atento.

Quando ando pela rua,
procuro andar na calçada,
seguro morreu de velho,
se puder, não dou mancada.
Pode um carro me pegar,
mas não há jeito de passar
por debaixo de uma escada.

À vezes é uma tolice
que eu findo levando a sério,
me benzo em frente de igreja,
em portão de cemitério,
gato preto na estrada
ou mesmo na encruzilhada
para mim é um  despautério.

Eu não freqüento macumba,
mas respeito o macumbeiro,
negócio de bruxaria
ou alguém catimbozeiro,
aceito, mas não me logra,
praga rogada por sogra
só sai com água de cheiro.

Bruxaria, mau olhado,
dente de alho, patuá,
sal grosso dentro de casa,
galinha preta, alguidar,
velas de todas as cores,
tragicômicas, horrores,
são coisas de arrepiar.

Prefiro não comer carne
Sexta Feira da Paixão.
Banho depois do café
é certo dar congestão.
Rasga mortalha piando,
chame o padre pra ir dando
ao doente, a Extrema Unção.

Certas coisas dão temor,
provocam até desgosto,
uma sexta feira treze
em pleno mês de agosto
e se a lua for cheia,
nem precisa de candeia,
ninguém sai, não fica exposto.

Alguns têm seus argumentos,
tentando se proteger.
Galho de arruda na orelha,
santinhos pra lhe benzer.
O artista de renome
tira até letra do nome
pra mais sorte lhe trazer.

No sertão ainda é comum
e todos acham natural,
quando uma criança nasce,
o pai em gesto normal,
alegre, leva consigo
e enterra logo o umbigo
na porteira do curral.

A vassoura atrás da porta
faz a visita sair.
Sonhar com água barrenta,
a doença está por vir.
Se o espelho se quebra
a pessoa observa
sete anos sem progredir.

Se em dezenove de março
que é dia de São José,
cair uma boa chuva,
o agricultor bota fé.
Se em dezembro, no Natal,
a barra formar legal
é tudo o que ele quer.

Tem gente que faz promessa
e em tempo de fogueira,
põe agulha na bacia
e faca na bananeira.
E as moçoilas pra casar,
pegam cascas pra guardar
lá do mastro da bandeira.

Muita gente usa branco
para passagem do ano.
Pensa em ganhar um presente
com a palma da mão coçando
ou se acha perseguido
assim que sente o prurido
com a orelha esquentando.

Ler horóscopo todo dia,
também espetar boneco,
costurar boca de sapo,
beber pra ficar esperto,
jogar um gole pra o santo,
no balcão, ali no canto,
muito normal em boteco.
  
Donzela se quer casar,
pega logo o Santo Antonio,
bota de ponta cabeça,
faz o maior pandemônio.
Tem moça que até delira
e o santo ela só desvira
se arranjar matrimônio.

Um alguidar no cruzamento
com cachaça, frango e vela
isso é ebó de macumba
com fetiche na panela
e a farofa de dendê,
é trabalho que vão fazer,
pra uns é a maior mazela.

Sonhar com gado é saúde,
vestir avesso é surpresa,
abotoar errado é briga,
sonhar com chifre é tristeza.
Sonhar casando é morte,
com noiva é falta de sorte,
com caixão é avareza.

Temem por ouvir falar
como fosse assombração.
Desde os tempos dos avós
seguem a mesma tradição.
De tanto disse me disse,
tudo isso é crendice
que aumenta a superstição.

Mesmo assim eu fico esperto
Prefiro não arriscar.
Vai que o negócio é sério
na dúvida, vou lhe falar:
seguro morreu de velho,
por isso dou um conselho,
é bom nunca duvidar!

FORTALEZA

Minha cidade querida,
bela praia de Iracema,
enaltecida em versos,
poesias e poemas.
Fortaleza tão faceira
sua Praça do Ferreira
do lazer e da boêmia.

Já estivestes no auge
com o charque e o algodão,
um século atrás tu já eras
a sétima em população.
Nosso orgulho em teu coorte,
ainda ostentas o Forte
Nossa Senhora de Assunção.

Em 1.799,
de Pernambuco desmembrada,
Fortaleza é a Capital,
imponente, agraciada,
teu nome a todos faz jus,
tu és a Terra da Luz
de praias abençoadas.

Nos idos de 1.800,
ergue-se o primeiro mercado,
o primeiro chafariz,
o algodão é destacado.
Teu teatro com certeza
recebe até a realeza,
pra expandir teu nome amado.

Progrediste, foste em frente,
comercio em efervescência,
saem os bondes do trilho
e os ônibus, por excelência
adentram a periferia
e junto com a ferrovia,
transportam tua independência.

Hoje o orgulho nos cobre
és a bela capital.
Teu turismo é inegável,
praia, hotel, hospital,
estádio, universidade,
shopping por toda a cidade,
boate, cinema, sarau.
  
Tens um mercado modelo,
artesanato criativo,
cursos de todas as línguas,
povo forte, combativo.
Que bela é a tua grandeza,
minha linda Fortaleza,
sinto-me até emotivo.

Tu exportas para o mundo
humoristas e cantores,
presidentes da Nação,
engenheiros e doutores.
Os mais variados artistas,
por isto somos otimistas,
capital de sol e cores.
  
Fortaleza é movimento
e atrações não vão faltar.
Repentistas, emboladores
lá na José de Alencar
fora a imponente estrutura
que aflora em nossa cultura
no complexo Dragão do Mar.

                               Al Kasar
                                Agosto/2010 

Um comentário:

  1. Olá, meu amigo! Gostei do seu trabalho, a música antiga jamais morrerá. Estou seguindo seu blog, eu trabalho com negócios online, mas sou apaixonado por música antiga de todos os tempos.
    Visite meu blog "Brasil Solidario" também é um blog de música antiga. Um abraço, José Torres - Paranavaí PR.

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